quarta-feira, 23 de julho de 2014

A QUEDA DO VIADUTO

Li estarrecido o laudo, preparado por engenheiros contratados pela empreiteira responsável pela execução do viaduto da Pedro I, apontando como certas as falhas de projeto, e não de execução como motivadoras para a queda.

Depois das tragédias começam as mudanças. Nunca antes. É realmente uma pena o ser humano ter que errar para aprender.

Depois da década nula da engenharia no Brasil, que foi a de 80, com poucas obras públicas, as grandes mentes da engenharia, principalmente da área de projetos começaram a escassear. Seja por exaustão, desânimo, aposentadoria, mudança de profissão ou tantos outros fins.

Fato é que, logo depois, já na década seguinte, com o advento do AUTOCAD, mais ainda foram diminuídos e escanteados os mestres da área. Os projetos começaram a valorizar a "apresentação" em autocad, simulações 2D e 3D, sucateando não somente as pranchetas obsoletas, como as mentes que as pilotavam. 

Aqueles profissionais tinham conhecimento de campo, de cálculo e de projeto, e podiam oferecer soluções construtivas que deram ao nosso país projeção internacional na área do conhecimento em engenharia, principalmente devido às diversas barragens, pontes e estradas aqui projetadas e construídas.

Sem as mentes, sobraram os copistas. Aqueles que se acham o máximo por pilotar um computador com excelência, mas que sabem mais o ctrl-c e ctrl-v, deixando o conhecimento de lado e se concentrando na produção, já que os clientes começaram a pagar "por prancha".

Já havia visto, não apenas uma vez, órgãos públicos passando a empreiteiros para execução, não apenas projetos mal elaborados, com erros grosseiros da concepção aos detalhamentos executivos, mas também com diferenças imensas entre os quantitativos de projeto e os de planilha. E não para por aí. São funcionários públicos, terceirizados ou contratados em empresas de "consultoria", que assumem a elaboração de projetos ou sua fiscalização sem a menor vivência e preparo, causando prejuízo às empreiteiras, órgãos públicos e ao final, para a população.

Tomara que o Brasil, a começar por Belo Horizonte, mude as regras a respeito dos projetos, para que possamos ter mais segurança e bons profissionais no futuro.

 E que as famílias dos que foram perdoem, pois têm culpa também aqueles que contratam mal, não apenas os que executam mal. Têm também uma parcela de culpa aqueles que constroem, executando pilares com 1/10 da ferragem necessária sem perceber. 

Existe na engenharia a necessidade de algo como feeling. Vem da experiência e do conhecimento. Termina por ser sabedoria. É quando o engenheiro, calejado ( e posso citar vários ), olha o prédio e olha o pilar. Dentro de sua cabeça sabe se está esbelto ou proporcional. Não fez uma conta. SABE.




Opinião na História!!!




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