segunda-feira, 16 de junho de 2014

Copa e política. Vai dissociar?

Enganam-se aqueles que esperam da sociedade brasileira mais uma vez imaturidade nas eleições. Desde a última eleição vemos o quanto o sentimento de mudança e indignação tomou conta das pessoas. Sim, pessoas, o significado mais genérico para um grupo sem classe, cor, religião ou estigma.
Não há copa que atrapalhe o pleito e não há político que tire do brasileiro seu direito legítimo de torcer para o Brasil. Não é torcendo contra ou a favor de quem quer que seja que se muda um regime. Isto é burrice, senão falta de patriotismo.

Não é tacando pedras que se demonstra indignação. Isto é vandalismo puro, que me desculpem os xiitas de plantão.

A respeito das vaias, cabem ainda algumas outras indagações, desta vez históricas. É notório e sabido que as vaias acontecem em qualquer momento de descontentamento, onde o "ser" coletivo fica maior que o "ser" individual. A grande maioria das pessoas, que numa multidão grita palavrões e palavras de ordem, abusando da sua educação, não o fariam de forma alguma em outra ocasião. Também não fariam se a indignação não existisse.Tampouco fariam se o palavrão não fosse a mais fácil forma de expressão. Rápida e auto-explicativa.

Imaginemos em contrapartida, um senhor, com 54 anos, sentado ao lado do filho adolescente no estádio, que, indignado com a política, aproveita o momento único em que pode estar no mesmo ambiente que a presidenta do Brasil para expressar sua indignação. Para tanto, escreve em uma folha de papel meia dúzias de palavras, todas polidas e politicamente corretas como:
"Presidenta Dilma, por favor não transforme nosso país em uma Cuba, pois não queremos isto."; "Presidenta, também não queremos mais um "poder", como o que nos foi imposto no último decreto presidencial.";
"Mais uma coisa, há pouco tempo, investi minhas economias numa empresa que era saudável e que se chama Petrobrás, através do Fundo de Garantia, e gostaria que ela fosse melhor gerida, com menos escândalos. Também gostaria que ela não fosse objeto de usos políticos, como manutenção da inflação, que deve vir mais da responsabilidade fiscal e diminuição de impostos que do esforço de  uma empresa";
" Enfim, vai tomar banho".
Depois de apenas 4 dias na fila, este senhor conseguiu. Chegou ao microfone e pôde ler o que precisava.
É pena que a Dilma havia ido embora.

São balelas.
Fato é que por diversas vezes critiquei aqui a postura da revista Carta Capital, devido à sua ligação quase umbilical com o governo federal e a sua forma de retribuição. Foi de encontro a tudo isto a reportagem do jornalista José Antônio Lima, que pode ser vista neste link.
Uma senhora diria: "Que maravilha, estão acordando para o Brasil além da esquerda radical".
 Um snhor, por outro lado, diria:"O Aécio tem chance agora, a Carta Capital começou a bandear para o outro lado".

É o otimista e o pessimista, todos tentando diminuir nosso grande dilema, o do perde - perde. A relação em que ninguém ganha.

Mas vem de encontro a outra questão interessante. A volta do Lula. Não o Lulinha paz e amor que ganhou duas eleições seguidas na esteira dos avanços sociais e do crescimento do mundo e consequentemente do Brasil, com suas comodities, voltou aquele radical, que chamou as pessoas no estádio de elite branca. É, ele voltou. E a Presidenta também abriu suas asas.

Depois do decreto presidencial, que assusta pela sua forma e texto, além da implementação, como que goela abaixo, vemos que o PMDB ficou assustado. A maior base de apoio do governo está dividida. Primeiro por não ter sido consultada, segundo por insatisfações diversas, inclusive sobre os cargos políticos que os mantém.

Onde está o PMDB de antigamente? O que foi feito dele? Vão nos deixar, legitimamente virar uma Venezuela?

Ao fim do desabafo, a conclusão: Quando trocou o discurso de "sapo barbudo", amparado apenas por intelectuais e artistas pelo "Lulinha paz e amor", o PT tinha bandeiras como a ética e a valorização das relações sociais. Hoje, sem suas bandeiras e voltando à antiga linha de luta de classes, é bem provável que perca mais do que ganhe na disputa eleitoral.

O tempo vai dizer. E não vai ter nada a ver com a Copa.

Opinião na História!!


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