Mais uma vez
conto as propagandas da revista Carta Capital, do Editor Mino Carta, com quem
no passado já alinhei minhas idéias, enquanto foi editor de Veja e Istoé. Ainda
aprecio seus editoriais e sua inteligência. Infelizmente sou contra a venda do
ideário.
A Carta Capital de número 793, trouxe suas propagandas, que devem sustentar a
revista, além das assinaturas e venda nas bancas, distribuídas da seguinte
forma, em comparação de outras revistas da mesma semana:
Os números
impressionam. Uma revista que tem um total de 14,36% de suas páginas preenchidas
com propaganda, sendo 51,85% do governo. Como não dizer que está sendo
beneficiada, ou por outro ponto de vista, que as outras não estão sendo
preteridas? Não é análise política, é fato.
Qual o
objetivo disto? Em primeira análise, incomodam os constantes ataques ao
Ministro Joaquim Barbosa ,freqüentes e claramente com o intuito de atacar o
Supremo Tribunal Federal e diminuir os efeitos de suas decisões. As
instituições, em qualquer sociedade de direito devem ser ferrenhamente
preservadas, sob o risco de minar a Democracia. Continuando, vejo que os ataques
vêm da mídia favorável ao governo. Isto tudo não sendo favorável ao pavão que o
ministro se tornou, impedindo outros magistrados de falar e até rasgando a
constituição. Na verdade, por este ato, deveria claramente ser preso. É um
desrespeito ao Brasil. Nem todos têm o direito de perder a cabeça. Um ministro
não é um destes.
Nada
disto afasta minha indignação com a forma como os Ministros são indicados e a
falta de parâmetros sólidos e pertinentes ‘a importância do cargo para designar
seus ocupantes.Indicação do governo? A
indignação da sociedade deve se voltar para a mudança de tais parâmetros, que
podem atrapalhar ou beneficiar governos. O governo petista, teve seus
indicados, como os outros. Inova, entretanto, ao colocar pessoas de idade
inferior a seus pares, talvez com o intuito de perpetuar decisões favoráveis.
Se não, porque, então? Queremos juízes de carreira, altamente tarimbados, com
uma idade mínima avançada e preparados para o cargo.
Sabemos que
sabedoria é a soma de inteligência, conhecimento e experiência. Saem ministros
se aposentando com 60 ou 65 anos, na compulsória e entram novos ministros com
até menos de 50 anos. Com qual sabedoria? O que têm a ensinar? Não queremos
somente juízes, queremos de volta aquele velho mestre, que proferia sentenças
com elegância e sabedoria inquestionáveis. Tivemos vários no passado.
Mais
uma vez o Brasil vê arroubos. De um lado um tribunal que passa por cima das
leis para julgar em instância não indicada os casos do mensalão. Os indignados
de plantão fazem então valer-se das leis para demonstrar que os mensaleiros
foram injustiçados. Há um claro contraponto a ser observado. Seriam julgados e
condenados os mensaleiros se assim não fosse? Mas está certo?
Não,
a resposta é simplesmente não. Como nos diziam nossos pais, pelo menos os meus,
um erro não justifica o outro. Pensando sobriamente, o STF errou. E errou feio.
Os
erros começam com o julgamento em si, que reuniu tantos casos diferentes em uma
só ciranda. Continuou com a determinação equivocada da instância e terminou com
o julgamento dos embargos infringentes. Tudo errado. De um lado e de outro.
A
única coisa que conforma é saber que os mensaleiros foram presos. Mas é só. A
forma e o julgamento não convencem. O judiciário deve ser tão somente espelho
da justiça, o que não significa que deve ter justiçamento ou justiceiros para
fazê-la cumprir.
Temos
então, que nos voltar para nosso próprio umbigo e verificar para que lado
estamos indo. Se do certo ou do errado. Do bem ou do mal. Se as leis são feitas
por representantes da sociedade e para eles, como conviver com leis que não
querem fazer o certo?
E
o Governo? Que governo é este onde o certo e o errado se escondem atrás da
política, dos conchavos, da compra de votos. O mensalão foi o maior roubo que
já existiu. Roubaram toda uma população, privando-a de contar com votos de
interesse dos representantes que ela escolheu.
Por
outro lado, quem é este “povo”, que mesmo com os mando e desmandos deseja um
continuísmo que claramente atrasa o país? Não sou a favor de Maquiavel, nem ao
menos dos militares. Mas às vezes, pensando em como proceder para tudo mudar,
vejo que o caminho mais fácil no início já rendeu arguras suficientes no
passado, penso bobagens e volto ‘a razão. Não há caminho melhor que a
democracia e as leis para continuar andando, mesmo que tortuoso e acidentado.
“Entre o o governo que faz o mal e o povo que
o consente, há uma cumplicidade vergonhosa” Victor Hugo.
Opinião na História!!